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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Para quem não apoia a Causa do Imigrante.

Josimar Salum (*)


Na região de Boston onde vivo os esforços para unir pessoas imigrantes em torno de uma causa comum não são facilmente recompensados. Geralmente pessoas se unem em função de coisas e em organizações e não por causas.

Pertencer a um grupo remonta ao consciente primário de ser parte de uma família. Comunidades se formam em Nome de Deus, de uma fé e um ideal comuns e por devoção a times esportivos. Mas esperar que se unam por uma causa alheia, não é fácil.

As igrejas católicas, os membros de igrejas de denominações evangélicas unidos em função de sua igreja local, as uniões e as fraternidades de pastores, os grupos de igrejas de denominações evangélicas diferentes unidas em torno de uma "visão",  as sociedades como de maçons, os Rotary clubes e as agremiações esportivas, entre os brasileiros são as coalizões que se destacam quando procuramos por sociedades ou agremiações que conseguem manter-se como blocos de pessoas afins.

Mas não mantem-se coesas permanentemente. Tensões em função de disputas de poder, a insatisfação de lideres com outros lideres, as questões morais e os escândalos financeiros, a exacerbação entre relacionamentos de pessoas de destaque do grupo, e no caso específico de igrejas evangélicas, as discórdias doutrinárias tem sido as causas mais comuns de divisão.

Em sociedades como a maçonaria e as igrejas católicas os eventos de discórdias entre membros não as impactam enquanto entidades, ou seja, os membros insatisfeitos e brigados são acomodados dentro da estrutura geral que é mais forte que as separações que ocorrem, conservando-se a Unidade em torno da Organização a despeito dos dissidentes. Em outras palavras, os dissidentes vão embora e a organização permanece intacta.

Este fenômeno não ocorre com a mesma frequência nas igrejas evangélicas. Essas igrejas são como as colmeias, vez em quando soltam enxames. Uma rainha é erguida e leva seu grupo de operários para outra localidade. E as abelhinhas já não trabalham mais juntas, senão cada uma somente em favor de sua própria colmeia.

Contudo, é notória a existência de algum sucesso das iniciativas coletivas nas comunidades imigrantes, quando o alvo é a ajuda humanitária. É a solidariedade o sentimento propulsor e coesivo da participação dos indivíduos quando cada um se sente compelido para socorrer algum enfermo no hospital, no despacho do corpo de um ente querido falecido para o Brasil e em outros casos similares.

Nestes tempos atuais quando a discussão de uma Reforma Imigratória incendeia o Congresso Americano e a própria Sociedade Americana, será que este assunto tornar-se-á uma Causa comum que imigrantes documentados e indocumentados unir-se-ão para batalharem juntos? 

Todo imigrante indocumentado vive o sonho de sua legalização. O desejo principal do brasileiro é visitar seus familiares e retornar aos Estados Unidos para continuar vivendo sua vida. Este é de fato o sentimento básico e determinante na sua aspiração de tornar-se um imigrante residente legal e colocar-se na trilha para tornar-se um cidadão.

O direito mais fundamental e sublime de um cidadão é poder votar e ser votado para cargos de liderança política. Mas convenhamos que para 90% dos brasileiros - avaliação pessoal baseada em averiguações próprias - este é o direito para o qual o brasileiro comum dá o mínimo de importância. 

O debate político efervescente propagado por Brasileiros nas últimas Eleições Presidenciais foi motivado somente pelas questões imigratórias. O resto simplesmente não interessa.

O que tem ocorrido é que o imigrante brasileiro legalizado e cidadão não demonstra nenhuma vontade e ação práticas de se envolver na luta dos que estão na fila para a legalização. Se existe ainda alguém de sua família que precisa se legalizar é possível então que se desperte algum interesse em participar do processo.

Não posso deixar de falar, senão com muita clareza. Conheço inúmeros brasileiros que depois que conseguiram seu “Green Card” esquece-se dos outros que ainda estão na luta por esta conquista. 

Conheço outros que depois que tornaram-se cidadãos desprezam seus conterrâneos e não fazem nada para os ajudarem a conquistar também seus direitos de cidadania plena neste país. 

Eu penso que cada Brasileiro cidadão americano deveria se solidarizar e fazer tudo quanto pode para que outros imigrantes sejam integrados na Sociedade Americana com plenos direitos.

Nesta discussão é importante ressaltar que o imigrante legal paga seus impostos porque em seu processo de legalização lhe foi exigido acertar as contas com o Governo. 

Grande parte dos assim denominados ilegais também pagam seus impostos e terão que acertar sua conta total ao entrarem no processo de sua legalização, doutro modo, jamais serão aprovados. É fato constatado que milhões de cidadãos, nascidos na Terra, não pagam "Income Tax" na proporção direta em que milhões de ilegais já pagam seus impostos.

De fato, todos os habitantes da terra pagam muitos impostos quando fazem suas compras, quando registram e abastecem seus veículos, pagam suas contas de luz, água, cabo, internet e gás, quando viajam de trem, ônibus e avião, pagam pedágio e pagam uma infinidade de taxas e obrigações.

Este debate acéfalo e preconceituoso dos conservadores de interesses próprios de que imigrante não paga imposto deveria dar um passo avante. 

Todos nós, de um modo ou de outro, imigrantes ou descendentes deles, por ligações de um passado distante ou em realidade bem presente devemos nos envolver nesta grande frente de Solidariedade para com milhões de pessoas, novos e velhos imigrantes, que como todo mundo, pisaram e andam dentro deste solo abençoado para viver o verdadeiro Sonho Americano: a Liberdade!


Josimar Salum é um dos líderes do Movimento Brasileiro pela Cidadania www.euqueroficar.com e endossa  www.minhasolucaototal.com




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