Josimar Salum (*)
Na região de Boston onde vivo os esforços para unir pessoas imigrantes em torno de uma causa comum não são facilmente recompensados. Geralmente pessoas se unem em função de coisas e de seus próprios interesses e não de causas.
Todos sentem necessidade de pertencer a um grupo, porque quando nascemos somos inseridos em nossa família. Os grupos mais comuns entre os Brasileiros são as igrejas católicas, os membros de igrejas de denominações evangélicas unidos em função de sua igreja local, as uniões e fraternidades de pastores, os grupos de igrejas de diversas denominações evangélicas unidas em torno de uma "visão", as sociedades como maçons, Rotary clubes e agremiações esportivas.
Dentro destas uniões ocorrem muitas divisões em função de disputas de poder, da insatisfação de lideres com outros lideres, de questões morais e escândalos financeiros, da quebra de relacionamentos de pessoas de destaque do grupo, e no caso específico de igrejas evangélicas as discórdias doutrinárias tem sido as causas mais comuns de divisão.
Quando as crises de relacionamentos acontecem, por exemplo, dentro das igrejas católicas a organização é sempre preservada ainda que haja rupturas entre membros. Até em igrejas batistas ocorre o mesmo. Divisões são acomodadas com a denominação apoiando a fundação de outra igreja para manter os fieis todos como sendo batistas.
Este fenômeno não ocorre com a mesma frequência entre outras igrejas evangélicas. Essas igrejas são parecidas com colmeias, de vez em quando soltam enxames. Uma rainha é levantada no grupo e leva seu grupo de operários para outra localidade. E as abelhinhas já não trabalham mais juntas, senão cada uma somente em favor de sua própria colmeia.
Tem ocorrido sucesso de algumas causas no meio imigrante brasileiro quando o alvo é a ajuda humanitária. O sentimento de solidariedade de cada indivíduo propulsiona sua participação para socorrer algum enfermo no hospital, no despacho do corpo de um ente querido falecido para o Brasil e de outras causas semelhantes.
Todo imigrante indocumentado vive o sonho de sua legalização. O desejo principal do brasileiro é visitar seus familiares e retornar aos Estados Unidos para continuar vivendo sua vida. Este é de fato o sentimento básico e determinante na sua aspiração de tornar-se um imigrante residente legal e colocar-se na trilha para tornar-se um cidadão.
O direito mais fundamental e sublime de um cidadão é poder votar e ser votado para cargos de liderança política. Entretanto, pesquisando por conta própria, constatei que para 90% dos brasileiros este é o direito para o qual não dá o mínimo de importância.
O debate político esquentado por Brasileiros nas últimas Eleições Presidenciais foi motivado somente pelas questões imigratórias. O resto das questões político-sociais dos Estados Unidos simplesmente não lhes interessa.
E o que tem ocorrido é que o imigrante brasileiro legalizado e cidadão não demonstra nenhuma vontade de se envolver na luta dos que estão na fila para a legalização. Se existe ainda alguém de sua família que precisa se legalizar é possível então que se desperte nele ou nela algum interesse em participar do processo.
Conheço inúmeros brasileiros que depois que conseguiram seu “Green Card” esquecem-se dos outros que ainda estão na luta por esta conquista. Conheço outros que depois que tornaram-se cidadãos desprezam seus conterrâneos e não fazem nada para os ajudarem a conquistar também seus direitos de cidadania plena neste país.
Penso que cada Brasileiro cidadão americano deveria se solidarizar e fazer tudo quanto pode para que outros imigrantes sejam integrados na Sociedade Americana com plenos direitos.
Nesta discussão é importante ressaltar que o imigrante legal paga seus impostos porque em seu processo de legalizado lhe foi exigido acertar as contas com o Governo. Grande parte dos assim denominados ilegais também pagam seus impostos e terão que acertar sua conta total ao entrarem no processo de sua legalização, doutro modo, jamais serão aprovados.
É fato constatado que milhões de cidadãos, nascidos na Terra, não pagam "Income Tax" na proporção direta de que milhões de ilegais já pagam seus impostos.
De fato, todos os habitantes da terra pagam muitos impostos quando fazem suas compras, quando registram e abastecem seus veículos, pagam suas contas de luz, água, cabo, internet e gás, quando viajam de trem, ônibus e avião, pagam pedágio e pagam uma infinidade de taxas e obrigações.
Este debate sem pé e sem cabeça e preconceituoso dos conservadores que só pensam em si mesmos de que imigrante não paga imposto deveria dar um passo avante.
Todos nós, de um modo ou de outro, imigrantes ou descendentes deles devemos nos envolver nesta grande frente de Solidariedade para com milhões de pessoas, novos e velhos, que como todo mundo, pisaram e andam dentro deste solo abençoado para viver o verdadeiro Sonho Americano: a Liberdade!
Josimar Salum é um dos líderes do Movimento Brasileiro pela Cidadania www.euqueroficar.com e endossa www.minhasolucaototal.com Confira!
Publicado originalmente na Bate Papo Magazine
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